Fabiana Peron

Canta,
que a saúde vem.

Tem cheiro de ervas moídas,
e voz de glória e poder.

Traz a água da vida,
e restaura tudo que ainda respira.

Canta,
que do fundo do poço a saúde volta.

Como uma canção,
ouço feitiços de cura entoando em meu coração.

Canta,
que o deus salva,
como um dia salvou a Irlanda.

Em todo canto tem um canto.

Na voz do pássaro,
No estalar dos fios de um poste,
Até o vento canta se a gente parar pra ouvir.

A vida é uma música,
O que podemos ver são os instrumentos.

Dance.

Julgue-me como quiser.

Não tenho correntes, não me permito parar.

Carrego apenas o necessário, bagagem pesada faz a gente ficar pra trás, e a vida é curta pra carregar tanto peso.

De olhos pro céu, da minha fé não esqueço, enquanto caminho, sei que a deusa caminha comigo.

Chamam-me louco, talvez eu seja. Mas um grande homem acreditou que deus usa os loucos pra confundir os sábios, e eu acredito nisso também.

Não sei o que tem lá na frente, mas no fim, eu volto de novo, e na próxima vida, cá estarei, como louco, começando de novo, por um novo caminho, com a certeza de que a sabedoria e a coragem não vão me faltar, em vida nenhuma.

Eu não me permito parar, não deixo ninguém me amarrar. A liberdade é toda minha.

Shoá (holocausto)

Em uma fazenda tinham montanhas.
Num casebre uma chaminé.

Uma montanha tinham roupas, sapatos e bonés.
Outra montanha tinham ratos imundos - resto deles.

O susto veio quando cresci.

Uma montanha deixou história,
A outra, virou fumaça preta da chaminé do casebre.

Corpos frios de uma gente, que só por ter uma fé diferente, viraram ratos imundos - resto deles.

Outras ondas

Eu surfista,
Na crista da física,
Fui de encontro com o magnetismo dos teus olhos.

Dei um baque na tua luz visível,
tão forte que minha prancha se partiu ao meio.

Gamei na tua frequência,
A atração foi intensa.

Poder te olhar assim, despido de mim, nu...
Me fez desejar ser mais que tua Violeta.
Ultra.