Jõao Victor

Somos feitos de barro
Barro santo de luz
Banho ganho de graça
Graça divina que não se cobra
Cobra demoníaca serpentina
Que efeito chega sangra vagina
Balança incoerente, que no presente
Presentemente não é puro
Proteção espiritual do campo
A beira da cachoeira vejo ela
mãe imaculada, inferno astral
onde se encontra a vida e a morte
com cinco pedras mato gigante
mas com uma só mato também
pode me prender, se for pra vida
mas vale a pena ?
seres eternos infinitos
buscam a verdade na coisa
ignorando que está aqui o caroço do Caju
Metade de fora mas a maior parte, dentro
com sete dias eu descanso
com sete meses prematuro
com sete vidas purifica
com sete dias só sangue
com sete trombetas acabou
com sete tem jeito
gente medíocre
atriz de vida não para de atuar nunca

2

O canto encanto
Enquanto desmonto
Desmonto o feito
Efeito desfeito
Perfeito grito alto
Mais alto que a cigarra
Amarra com a arma
Dispara feito coisa qualquer
Que anda a pé pela escuridão
Escravidão mental
Prisão feudal de heresia
Luz que queima, mas mata
Mata fechada
Bicho da mata desencontrada
Desmata, acaba, distúrbio
Semeia, cresce o broto
Como rasteiraste a abóbora
Passa, descasa, transpassa
A querida ameaça
Que descompassa as ondas
Feito noite de lua cheia
Dos seios seis vão ver
A casa do crente “fiel”
Leve, longe, louve e podre
Abre a porta se não vou sobrar sobrar sobrar....
E assim voou

Corpo

O meu maior medo é me entregar ao desprezo
da definição de conjunto: cabeça
tronco e membros.

Me permita ser corpo luz
corpo morto, animal
Só não me deixe viver dentro de mim
Sem saber quem sou.

Me deixe ser parte de mim
Que minha casa seja limpa,
harmoniosa
Que minha carne não morra de fome
E minha cabeça ande junto ao coração.

E que eu more bem,
aqui dentro
seja eu, em mim
em mim
no meu
corpo.